terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Pessimismo poético.

O pior castigo? Lidar com indecência, não física, mas moral.

O pior desalento? Esperar que cuspam no rosto mais uma vez.

A pior angústia? Acreditar que o pior vai acontecer de novo.

A pior desilusão? O fracasso de sonhos que pareciam nobres.

O pior desespero? Não encontrar forças para construir outro castelo de areia.

O pior desencanto? Ver que nem sempre a justiça prevalece.

O pior constrangimento? Perceber o tempo perdido com pessoas abjetas.

A pior morte? A de quem ainda vive.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim

sábado, 13 de dezembro de 2008

Mais amor e menos máscaras

Odeio os legalismos, as religiosidades idiotas. Com o passar dos anos percebo que as pessoas são cada vez mais hipócritas cheias de meras religiosidades, são repletas de preconceito e filosofias que vão contra tudo o que praticam ou dizem praticar.

A cada dia tem-se visto que a humanidade vive de máscaras, não suporto mais vê-las, será que alguém é capaz de revelar-se? Pessoas que se escondem atrás de Deuses, professores, cargos, ou do ser perfeito, ocultando que verdadeiramente são. Não estou aqui dizendo que todas as pessoas são ruins, absolutamente não, as pessoas são boas e ruins. Mas o que me ira é as pessoas esconderem-se e esquecerem que viemos do barro, sim do barro, isso nos faz humanos. Mas que do barro se soprou o divino e isso nos faz como Deus logo, somos semelhantes a Deus, mas com limitações.

As máscaras tentam esconder o que de humano se tem, mas elas, às vezes têm um efeito contrário: acabam mostrando o que de pior cada um pode ter, a saber, as mentiras, hipocrisias, falsidades, legalismos e, principalmente a INTOLERÂNCIA ao próximo.

Em absoluto ninguém vive sem máscaras, todos nós as usamos, faz parte da natureza do homem. Porém a grande maioria das pessoas ultrapassa os limites da convivência e se transformam as máscaras em obsessões, leis em que não se pode fazer isso ou aquilo por puro preconceito, intolerância e legalismo, esquecendo-se que somos todos iguais na diferença.

Estou certo que a salvação pregada por Cristo é acima das hipocrisias e pecados, sim, Ele foi além dos homens e pregou vida e amor. Trouxe-nos uma salvação baseada na esperança, fé e amor que ultrapassa todo conhecimento.

"A vida renasce para quem não aceita a hierarquização do dominante. O santo não vive dos favores do arrogante; nunca rasteja diante do intimidante. O olhar do salvo é altivo sem ser fátuo; o porte, sobranceiro sem ser depreciativo; a verdade, resoluta sem ser intolerante; o diálogo, contundente sem ser inclemente.
Salvação significa constância, distinção, amabilidade, afeição, cortesia, altruísmo, fragilidade, solicitude, confiança, superestima, imparcialidade, comedimento, doçura, coexistência." (GONDIM, Salvação)


A vida é mais que acordos sociais, mas que legalismos e leis idiotas que reproduzem intolerâncias arbitrárias, a vida precisa ser vivida, amada e experimentada. Deus nos dá o melhor deste mundo para vivenciar cada detalhe. Por isso a cada um cabe a escolha de viver mais a vida, o amor e a salvação e menos os legalismos intolerantes. Eu já fiz a minha escolha.

Nomine Tuo da Gloriam

sábado, 22 de novembro de 2008

Quem sabe não sejamos todos espelhos...

Quem pensas que és?
Como ousas quebrar todas as minhas barreiras,
por tanto tempo minuciosamente construídas,
com uma palavra?

Como podes acusar-me de ouvir-te,
quiçá entender-te,
quando com olhos de águia
desnuda-me a alma diante dos olhos?


Quem és tu?
Quem és, que com o arcaico aríete do Amor
derrubaste a fortaleza digital de minhas resistências
e deixaste desnudo diante de ti um Ego pateticamente frágil?

Por que?
Por que sempre encontras a fenda na persona?
Iluminas a sombra com a luz de um sorriso

Ganha o Ego no olhar
E alcanças,nesse olhar que perscruta,
os porões de minha Alma.

Passeias por ela com liberdade e posse
que nem mesmo eu ousaria.
Exploras, expandes, deleita-te.
E joga à meus pés, mortos, os demônios que ali se escondiam,

Ao mesmo tempo em que estampa diante de meus olhos
as pálidas virtudes que encontraste no caminho
Recolore-as com tua energia
e insiste em dizer que já estavam lá.

Enxergas por trás das lágrimas
a potencialidade do transcender minha própria Vida
e crês nisso
mesmo que eu tenha abandonado a esperança.

Como?Como tens acesso a cantos tão remotos de minh´Alma
Que mesmo eu desconheço?
E com que direito vês em mim, ser imperfeito, sombrio e exposto
A magnífica potencialidade do Amor?

Projeção!!!
Projetas em mim a pura essência de teu coração
A nobreza de teus sonhos
O Bem que emana de tua pele
quando me olhas nos olhos

Equipara-me à genialidade de meus contemporâneos
Garimpas no rio do meu ser o dom de ouvir
Quando tu, nem precisas das palavras
o devir das experiências

Estende-me a mão
segura-a junto a tua
e já não tenho mais medo

Elogia-me,
Num palpite
Quem sabe casualmente acertado
Quando compartilhas comigo a imensidão simbólica dos teus sonhos

Julga-me altamente capaz
Sabes que não tenho defesas contra teus elogios
E pareces gostar de ver-me assim tão desarmada

Embebida por cada uma das tuas palavras
Não sabes que delas sorvo
Gota a gota
A coragem que me impulsiona
A viver um dia de cada vez

O que vês em mim nada mais é do que uma nuance
do reflexo de ti mesmo
Quando me olhas nos olhos
Profundamente nos olhos

Raio Rodrigues Módolo

Nomine Tuo da Gloriam

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Possibilidades nas Polaridades

Vivo das polaridades, sou um ser entre extremos. Me surpreendo em momentos de explosões em êxtase, ao passo que caio no abismo de profunda melancolia. Construo meu próprio eu destruindo as bases que me formam. Sou isto: construção e desconstrução.

Vivo das contradições, da compressão e da descompressão. Tenho encontro com amores eternos, que ardem em paixão, e que depois passam e permanece o nada, o vazio de sentimento. Preciso dizer que considero o contrário de amor o vazio, a falta de sentimento, a indiferença.

Vivo das antíteses, oscilo entre a vida e a não vida. Existem horas em que a vida me quer por perto e aceito seu convite, sua proximidade. Vivemos como os melhores amigos. Em compensação brigamos, e quando brigamos, fico de mal com a vida, as flores não me alegram, os pássaros me irritam, a calma permanece na solidão.

Vivo na penumbra, me transportando entra a luz e a sombra. Há quem pense que a luz é tudo que precisamos, que a luz é a melhor coisa. Concordo que a luz é uma benção para o ser humano, mas acredito que não é sempre que queremos ficar na luz, luz que revela muito de quem somos, nossas forças e fraquezas. Nos faz ver nossos abismos e não é sempre que o queremos ver. Sombra, escuridão, remete a algo ruim, maléfico? A mim não! Sombra me faz pensar nas coisas boas que lá ocorrem, o dormir, o sexo, o meditar, o orar. É maravilhoso o fechar de olhos e sentir as coisas com o toque das mãos. Sombra nos revela oportunidades que jamais veríamos na luz, nos mostram aquilo que rejeitamos em nós, mas tão fundamentais.

Viver exige coragem. Coragem de encarar as próprias limitações e enxergar as possibilidades. As controvérsias da vida nos mostram como viver. Precisamos arregaçar as mangas e olhar nossas contradições não como impossibilidades, mas como oportunidades de ver além. Digo além de nós mesmos, além das meras impressões que tiramos precipitadamente das pessoas, além de uma vida medíocre. O mundo tenta nos levar a um conformismo a aceitar e viver como robôs, precisamos lutar contra tudo isso que nos prende e viver nossas potencialidades ao máximo possível.

Nomine Tuo da Gloriam

Obrigado

Depois de ler tantos comentários que me marcaram, resolvi trazer para o blog esses comentários em uma homenagem a todos que leram, comentaram e marcaram minha vida através de suas colocações.

Começamos por um olhar na alma, justamente aquilo que vem do coração de vocês para atingir o meu:

Usar o que a minha vida põe à minha disposição... de presente... todos os dias... pra transcender as minhas determinações... e realmente SER EU.(Raio)

Toda essa colocação me fez pensar que não sou completamente luz, que também sou sombra e que ”Eternizar cada instante parece um esconderijo onde mora o segredo da felicidade”:
Eternizar os instantes, sua sucessão, em cooperação com sua fulgacidade. Permitir-se a mudança, as idas e vindas, o fluxo da vida. Tão simples e tão... difícil! (Michell)

Com poucas palavras tem uma complexidade que envolve muito mais do que nossos pensamentos conseguem elucidar...Lembrei de "Seja eterno enquanto durar" e o instante pode ser eterno, no passar de um instante somente... se a felicidade ocorre em alguns instantes... ela também é eterna. (Victor Johne)

Eternizar os instantes sim... mas em sua carga emocional. fazer de cada momento vivido (e BEM vivido) o que ele realmente é... Único... fugaz... e quem sabe por isso mesmo mágico...Pra quando olhar pra trás poder dizer em arrependimento ou saudade... EU VIVI (Raio)

Mas o que significa ter esperança? Onde a encontro?

"Esse sonho se ocultou no mais inacessível de nós, lá onde a violência não podia golpear, lá onde a barbárie não tinha acesso."Acho que esse lugar onde nem a violência atinge ou qualquer outra ação ofensiva do mundo pode alcançar é aquilo que chamamos de espírito,esta entidade q nos compõe(assim eu acredito),uma chama que alimenta a vida, que arde no renascer de uma fênix, q mantém em nós a tal esperança, q pude ver não como um estado..mas um modo de vida...não uma esperança passiva..mas um estado ativo, onde, enquanto há um desejo de viver, arde em nós uma chama que não se apaga, não importa a certeza de um objetivo...que recobra as forças nos momentos de fraqueza e como a fênix nos faz renascer...renascer para a esperança de arder por mais uma infinidade de instantes na nossa vida. (Victor)

"Alguém é otimista por causa de, enquanto que nós temos esperança apesar de."Esperança então, mal e porcamente -porque apesar do transbordar das palavras, que não cabem em si mesmas, seria aquela centelha de vida que brilha incondicionalmente, e nos move, nos faz tirar a força de onde antes não tinha para lutar,como vc dise, não porque é certo, mas porque vale a pena.É o arregaçar de mangas que revira os escombros, o levantar do olhar molhado de chuva e de lágrimas, e a centelha que queima por dentro e grita RECOMECE.

"Aguardo o apagar das luzes, reconheço a iminência do meu fim. Contudo, procuro desdobrar os minutos em “nano-frações” de felicidade".APESAR do fim INEVITÁVEL, a ESPERANÇA que move no sentido de ETERNIZAR a VIVÊNCIA de cada MOMENTO...E nesse arregaçar de mangas construir ao mesmo tempo Vida e Felicidade...
(Raio)

Minha esperança às vezes é falha, e por ser sombra e luz vivo em extremos:

a nossa vida é um eletrocardiograma né.. o pior é que se não oscilasse tanto entre os altos e baixos ia ser uma chatice né. Nós procuramos sempre estar em alta e reclamamos quando caímos, mas cair... torcer o pé... ficar manco... nos deixa mais humanos (Alan)

Mas não estou pronto, sou projeto inacabado, estou em construção:

"Calma, continuo cru.
Sou um por fazer..."
E quem sabe não é esse estar sempre "por fazer" que nos impulsiona... nos abre uma infinidade de possibilidades que nunca mais serão conhecidas a partir do momento que estivermos prontos...Quero ter sempre uma aresta pra reparar... um cantinho pra aprimorar... um retoque a fazer... e nesse movimento me contruo e sou construído... um projeto que modifica e é modificado a cada instante pelo seu contexto...um ACOPLAMENTO ;) (Raio)

nada como achar algo q nem foi escrito por vc q te define
isso q é de tão belo nas palavras
daquelss q conseguem enxergar o q tem dentro e fora de si (Lis)

Nasça!!!!Concordo que nascemos e morremos e nascemos o tempo todo, uma metempsicose instantânea, simultânea, troca constante de matéria orgânica e pensamentos que vivem e morrem e vivem. (Gushiii)

Também é preciso dizer o que me angustia, aquilo que me afasto, aquilo que não quero:

É tão diferente ler um texto sabendo exatamente do que você tá falando... Conhecendo a profundidade de suas palavras... Não exata, mas aproximada, é claro. E a tragédia (Tô com essa palavra na cabeça ultimamente) da vida humana é essa. Somos portadores de bem e mal incapazes de compreender uns aos outros totalmente, em um mundo injusto. Não nos alcançamos por mais que nos estiquemos. E vamos seguindo, ferindo e sendo feridos. Curando e sendo curados. (Michell)

Todas essas coisas e os processos que se dão em minha vida me mostram algo especial. Que existe dentro de mim uma força, da qual não controlo muito sua força, que as vezes me domina, ou que muitas vezes me deixo dominar... A essa força chamei PODER DE VIDA:

Ótimo nome... "Poder de vida". Acho importante ter noção dessa força maior que está dentro e fora de todos nós. É o dínamo do coração e dos 4 ventos.
"Eles movem todo o resto"... (Michell)

Então, rafa
descarregue esse fogo que há dentro de vc
uivou deixar um pedaço de um texto que minha amiga fez:"Não tem como falar de amor sem obviedades, mas temos que concordar que é impossível saber até onde ele vai, porque caminhos vai passar.É como um filho, que a gente gera, vê nascer, conhece como a palma de nossas mãos, mas não sabe o que ele vai se tornar quando crescer, porque não temos controle sobre ele.
Se a gente sabe com antecedência tudo que vai acontecer, não faz mais sentido prosseguir, não vale mais a pena." (Alan)

Esse texto é um agradecimento a todos vocês, que fizeram minha vida crescer e fizeram este blog também crescer. Quero deixar aqui um agradecimento especial ao Gustavo (Gushiii) que foi quem me incentivou a criar o blog e escrever tudo o que vocês leram e ainda lerão!

Muito obrigado a todos vocês!!!

Nomine Tuo da Gloriam

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Poder de vida

Tem horas que me vem uma vontade louca de correr. Meu corpo inteiro parece que recebe uma carga enorme de energia, fica todo ativado. São horas em que o tempo não passa, que o relógio pára, e tudo ao meu redor começa a movimentar-se. Careço descarregar essa energia de alguma forma, faz parte do meu equilíbrio energético. São momentos em que meu corpo pede sensação, pede algo que o toque, nem que seja o vento ao correr, mas que seja algo que ele possa sentir.

Existe dentro de mim uma chama, chama que ajuda a enxergar meus caminhos. Reconheço que não sou eu quem os escolhe, mas sim esta chama. De alguma forma ela direciona onde devo seguir, me aponta um caminho. Fico sem ação, sem saber dizer não. A cada vez que a chama me direciona ela também cresce dentro de mim. Não sei o que fazer, fico impotente, imóvel para minhas escolhas. Tenho muito medo, pois essas direções me levam onde não quero, caminhos que muitas vezes trazem dor. Me levam a lugares em que as pessoas me olham com nojo, com pena. Lugares onde viram o rosto. Me conduz a situações em que as pessoas que mais amo me desprezam.

Não pensem que só me leva a lugares ruins. Esta chama também me conduz a lugares magníficos. Encontro pessoas inesquecíveis, amores quase eternos. Lugares que levam paz a minha alma. Esta chama muitas vezes me conduz ao divino, a experimentar o melhor de Deus, a senti-Lo. Me leva a ver as coisas mais belas da vida e sonhar, a ver as mais belas obras de arte e pintar, a ler Machado de Assis e escrever. Não que eu chegue aos grandes pintores ou escritores, mas que de alguma forma eu possa expressar aquilo que senti ao contemplá-los.

Não posso, e nem preciso, dizer que esta chama é boa ou ruim, ela é chama, ela queima ela arde. Todo o tempo que escrevia este post fiquei pensando no nome que poderia chamá-la, mas não descobri. Não sei se existe um nome. Mas em todas as contradições de meu eu autopoiético resolvi chamar essa misteriosa e magnífica chama PODER DE VIDA. Digo “poder”, porque “vida” é o que ela produz.

“PODER DE VIDA”

Nomine Tuo da Gloriam

sábado, 25 de outubro de 2008

Meu querer...

Chega! Não quero mais! Não quero lembrar um sonho bom sem poder realizá-lo, seria como nadar e morrer na praia. Não quero viver o mundo dos sonhos irreais, onde a vida é amiga e companheira.Cujos amigos são perfeitos, não traem, pura hipocrisia, amigos traem as vezes.
Chega! Não quero mais! Não quero olhar nos olhos de quem sofre e dizer “vai ficar tudo bem”, mentira, nem sempre fica tudo bem. O sofrimento faz parte da vida, mas nós, ridículos cristãos-“acidentais” enganamo-nos, prometemos o mundo perfeito, onde não há dor nem sofrimento. Mas e agora? E a minha dor hoje? Prometemos cura a quem pode nunca se curar, riqueza a quem pode nunca se ascender socialmente, LEGALISMOS.
Chega! Não quero mais! Não quero sentar numa cadeira de sala de aula vendo um professor dar uma aula cem vezes já dada, de seu caderninho milhares de vezes lido, tão lido que já sabe de cor. Nada mais que saia de sua alma. E os alunos... pobres alunos, passam um por cima dos outros como uma manada fugindo de um leão, afinal de contas é cada um por si e Deus por todos. Gostaria de lembrá-los de pessoas que se sacrificaram em favor de um grupo, abriram mão de seus privilégios por algo maior, mesmo que sofressem por isso, como Jesus, Mahatma Gandhi e muitos outros.
Chega! Não quero mais! Não quero ir a igreja e ouvir aquele sermão sobre o pecado e o quanto ele é ruim. É como disse Davi “o meu pecado está sempre diante de mim”. As igrejas precisam dar mais Deus e menos pecado, menos legalismos, menos falta de perdão. Todas as vezes que leio as palavras de Jesus, na bíblia, vejo o quanto ele estava preocupado pelo fato das pessoas não amarem. A cada dia que passa observo as pessoas que se dizem seguidoras deste mestre se distanciarem desse amor. Pelo contrário, estão pregando separação e morte ao invés de amor e vida. A cada dia concordo mais com Jung: “... mais cedo ou mais tarde tudo se transforma no seu contrário”.

Chega! Não quero mais! Não quero abrir mão de mim, de meus desejos, de meus amores por ninguém, é hora de pensar em mim. A vida é repleta de escolha, e no decorrer de minha vida sempre optei por abrir mão de mim pelos outros, não dá mais. Preciso viver pra mim, não estou falando que serei individualista, mas também não serei mais autruísta. "Tá na minha vez".
Quero sim! Quero que as pessoas me entendam, entandam que sou fluxo e refluxo, luz e sombra. Que entendam que a vida seguiu seu rumo e vou seguir lutando em eterna contradição comigo mesmo. Sou isso, uma contradição. Quero trasnscender a mim mesmo e ir além do que o Rafael jamais foi nesse mundo de antíteses.
Nomine Tuo da Gloriam

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A força que me assalta.

Acredito que o amanhã continuará com semelhantes tempestades.
No vai e vem da vida tudo continuará se esvaindo em vaidades.
A lágrima continuará a vazar pelas valetas do desdém.
O uivo dolorido da criança que se desmancha em diarréias,continuará abafado pela imensidão da noite.
A muralha que isola o esfarrapado continuará sólida.
A estrela do general continuará polida.
O fadista continuará ébrio de melancolia.

Mas insisto em não desistir.
Não sei explicar a força que me assalta.
Sem noção, retomo à minha sina,minha vocação, mesmo com tanto sofrer.
A sandice de simplesmente resistir é meu vício.
Ressinto o preço de aceitar ser parceiro do padecer humano,mas não resisto ao aceno celeste.

Desisto do sucesso, da sagração humana.
Morro para a ambição de empunhar cetros.
Abandono a conquista dos sonhos.
Simplesmente sigo em assimilara mais singela de todas as façanhas: perseverar na Esperança.

Soli Deo Gloria.

Ricardo Gondim.

domingo, 12 de outubro de 2008

Projeto inacabado...

Cuidado, estou em obras.
Sou vala recortada,
rabisco de prancheta,
mal traçadas linhas,
alinhavos tortos.

Calma, continuo cru.
Sou um por fazer,
O forno não esquentou,
A cola não secou,
O dia não raiou.

Paciência, ainda não curei.
A cortina não desceu,
O gol não saiu,
A pipa não voou,
O "Rafael" não nasceu.


Escrito por Ricardo Gondin
Modificação de Rafael Valencio

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Os meus extremos

Minha vida é pêndulo. Oscilo entre o bem que desejo e o mal que rechaço. Sei que minhas sombras não são todas ruins e minhas luzes não são todas boas.

Minha vida é sístole e diástole, fluxo e refluxo. No vai-e-vem de minhas emoções choro e rio, fico e vou. Não receio mostrar covardia e hesito nas coragens.

Minha vida é dança na encosta do abismo. Prestes a despencar, no limite do perigo, corro o risco de tornar-me o fiasco do milênio. Mesmo assim, jogo e aposto atrevidamente. Mesmo sabendo que posso ferir-me, enfrento a corda bamba.

Minha vida é estrada esburacada. Nos solavancos das crateras que se abriram pelo caminho, tento aprumar-me. Não quero perder a direção. Vou por trilhas menos pavimentadas, mas vez por outra, cansado, prefiro cortar caminho.

Minha vida é simultaneidade de satisfação e fome. Os desejos cumpridos deixam sobra, um resíduo, de desprazer. Porém, por mais que as inadequações se mostrem onipresentes, celebro contente a minha sorte.

Minha vida é, ao mesmo tempo, vitrine e caverna. Convivo com plataformas e microfones. Falo para platéias. Sou fascinado por silêncios, por alcovas. Audaz com multidões e tímido com pessoas, opto por poucas palavras. Mas, dou a mão à palmatória, falo pelos cotovelos.

Minha vida é mescla de certeza e imprecisão. As dúvidas não me abalam, mas as certezas me confundem. Gosto de questionar e não tenho medo de ficar sem resposta. Os absolutos me incomodam, os dogmas me inquietam, as exatidões me deixam suspeitoso.

Minha vida é ameaça e bênção. Consciente dos ódios que já provoquei, vivo inseguro; sempre procurando redenção. Entusiasmado com a bênção que sou, alço o vôo da águia; sempre ousando novos desafios.

Minha vida é mistura de morbidez e sede de viver. Aguardo o apagar das luzes, reconheço a iminência do meu fim. Contudo, procuro desdobrar os minutos em “nano-frações” de felicidade.

Minha vida é preocupação despreocupada. Temo as contingências, mas o insólito me entusiasma . Repito aos quatro ventos que dores e alegrias entram na fabulosa receita desta existência, que o Criador projetou livre. Não há nada mais deslumbrante que a angústia, e nada mais surpreendente que a felicidade.

Ricardo Gondim
Soli Deo Gloria.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

O que significa esperança?

Esses dias li um poema que falava de esperança e passei a me perguntar se a tinha. Fiquei surpreso quando descobri que não sei o que é ter esperança. Perguntei as pessoas próximas a mim mas elas não me deram um boa resposta. Uns disseram que esperança é esperar ou acreditar que um dia o sonho seria realizado ou que as coisas simplesmente se acertariam, que no final tudo daria certo. Mas passei a pensar se tudo isto que me foi dito não é apenas deixar para depois aquilo que era para ser feito agora.

Li essa definição de esperança:
Esperança só é esperança quando não se funda em certezas. Quando há bases seguras, "científicas", para as nossas projeções desejantes, temos otimismo. Esperança é quando nós esperamos apesar das nossas incertezas, apesar das atuais condições humanas e sociais que não nos dão garantia da possibilidade de realização dos nossos desejos. Alguém é otimista por causa de, enquanto que nós temos esperança apesar de. Por isso, Horkheimer disse que "a esperança de que o horror deste mundo não tenha a última palavra é com toda certeza um desejo não científico". (Hugo Assman e Jung Mo Sung em "Competência e sensibilidade solidária - educar para a esperança" - Editora Vozes, p.103.)

Mas ainda tenho a impressão de que ainda falta algo. A esperança não é exterior a nós, também não é aquilo que vamos nos sentar e esperar acontecer. Penso que esperança é a coragem, o ânimo de lutar porque vai valer a pena. Não porque vai dar certo, mas sim porque esperamos que aconteça e lutamos por isso.

Queria terminar este texo com mais uma citação:
"Depois da guerra, pensava eu, restavam apenas cinzas, destroços sem íntimo. Tudo pesando, definitivo e sem reparo. Hoje sei que não é verdade. Onde restou o homem sobreviveu semente, sonho a engravidar o tempo. Esse sonho se ocultou no mais inacessível de nós, lá onde a violência não podia golpear, lá onde a barbárie não tinha acesso. Em todo este tempo, a guerra guardou, inteiras, as suas vozes. Quando se lhes impôs o silêncio elas mudaram de mundo. No escuro permaneceram lunares. Estas estórias [que ele vai contar no livro] falam desse território onde vamos refazendo e vamos molhando de esperança o rosto da chuva, água abensonhada. Desse território onde todo homem é igual, assim: fingindo que está, sonhando que vai, inventando que volta". (Mia Couto na introdução de seu livro "Estórias Abensonhadas" Editorial Caminho - Lisboa - 2002).

Esse trecho mostra a esperança em Moçambique depois de uma guerra que devastou o país. Dessas ruínas eles obtiveram o que julgo ser esperança: o sonho, o esperar de um novo páis que fosse como a fênix, renascendo das cinzas, aliado à um arregaçar de mangas onde "vamos refazendo e vamos molhando de esperança o rosto da chuva".

Depois de muito pensar decobri algo sobre esperança, quem sabe agora posso tê-la de verdade, viver em intensidade, em totalidade.

SDG

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

domingo, 5 de outubro de 2008

Somos luz e sombra

Quantas vezes em nossas vidas nos defrontamos com nossas sombras, isso não é ruim ou maléfico, é necessário. Um amigo uma vez me disse que todos nós somos luz e sombra, nícleo e eletrosfera. Um encontro com nossa obscuridade nos faz crescer, encontrar o que na verdade somos, perceber que o mundo não é composto só pelos nossos umbigos, mas é dinâmico num processo que, para o ser humano, depende do outro para ser.
"A SOMBRA", dizia Graf Dürckheim, é apenas "uma luz encolhida, que não chega a se dar, a se difundir". Não é o ódio um grande amor recalcado? Odiar não é estar impedido ou se impedir de amar? Dizer a alguém que o detestamos, amá-lo ainda o bastante para odiá-lo, olhar de frente esse ódio, amar esse ódio e ver o gelo derreter... esse gelo esconde a água viva.
(Jean-Yves Leloup em "O absurdo e a graça" - Verus Editora. p.33.)
Disse Ricardo Gondim: "Viver não é para amadores". Depressão e riso, alegria e tristeza formam a história de cada um. Quem foge da tristeza acaba neurótico, em negação, à procura de um mundo ilusório. Por outro lado, quem não sabe rir termina inclemente, à caça de gente para povoar o seu purgatório.
"O tempo passa velozmente carregando tudo e todos. A pior angústia? Ver a areia da ampulheta, o pêndulo do relógio, a avisar que o calendário escasseia. Alguns não se dão conta que jogam a vida no lixo. Vaidades e megalomanias são ladras dissimuladas."
(Ricardo Gondim, Viver não é para amadores)
Devmos aproveitar cada instante, viver cada momento das nossas vidas. Lutar por bons momentos me parece um bom caminho. Eternizar cada instante parece um esconderijo onde mora o segredo da felicidade.

sábado, 4 de outubro de 2008

Um olhar na alma

Condenado a guilhotina, um homem, novo, escreve seus últimos momentos do dia, dia em que sua vida se encerra. O padre responsável por suas confissões lhe aplica seu habitual sermão. Mas o que está história pode nos dizer, o que nos fala enquanto pessoas?

"Não, por mais baixo que tenha caído, não sou um ímpio e Deus é testemunha que acredito nele. Mas o que foi que esse ancião me disse? nada sentido, nada que viesse do coração dele para tocar o meu, nada que passasse dele pra mim. Ao contrário, não sei o que de vago, inacentuado, aplicável a tudo e a todos; enfático onde deveria ter sido profundo, bana onde deveria ter sido simples; uma espécie de amor sentimental e de elegia teológica. Aqui e ali, uma citação latina em latim. Santo Agostinho, São Gregório, que sei eu? Depois, parecia estar recitando uma lição cem vezes já recitada, repassar um tema, obliterado na sua memória de tão conhecido. Nem um olhar no olho, nem um acento na voz, nem um gesto nas mãos."
"E como poderia ser diferente? Este padre é o capelão titular da prisão. Sua profissão é consolar e exortar, vive disso."
(O último dia de um condenado a morte, Victor Hugo)

Quando li essa obra prima de Victor Hugo muito me chamou atenção esse trecho em especial. Me faz pensar em nós enquanto apredizes da vida num mundo hostilizado pelo fast food, pelos apelos individualistas que nos fazem esquecer que as pessoas ainda não são máquinas manipulatórias. Perdemos de vista seu interior, sua individualidade, sua alma.

Há alguns dias que estava conversando com um amigo que estava adimirado com o fato de seu vizinho ter-lhe desejado um bom dia. Coisas simples que a correria do dia-a-dia mandou embora. Nem um olhar no olho, nem um gesto com as mãos. Usamos lições cem vezes já recitadas, apenas copiamos o que outras pessoas já disseram. Nos trancamos em nossas prisões domiciliares gradiadas e dizemos que estamos a salvo mais um dia.Então eu pergundo: o toca o coração? O que tem saído da nossa alma?

Precisamos fazer transcender do nosso interior todo o potencial e viver esse potencial, para tocar o coração das pessoas precisamos usar como instrumento o nosso coração. Faço uma apelo que nós, enquanto seres viventes, possamos transceder esse cristalização de nossa sociedade para viver um novo mundo onde pessoas usem mais o amor e menos o egocentrismo.

SDG