domingo, 23 de julho de 2017

Na superície

Escrevo pra que? Escrevo pra quem? Talvez as palavras sejam o eco de algo que ainda ressoa na pele. Talvez essas palavras sejam o vomito que expulsa de mim tudo que adoece. As palavras saem como uma canção em desatino, sem métrica, desarrazoadas, fodidas, apenas saem. Quando se vão o que fica? O vazio. Talvez a loucura do vazio não seja um nada, mas uma completude de outras palavras que ainda esperam ser ditas.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

O menino e seu mar


Era tudo raso, pessoas, contatos, amores. Mentiria dizendo que nunca mergulhou no profundo dos sentimentos, mas agora era só no raso. Talvez pelo medo de se afogar de novo talvez pela esperança que alguém o tomasse pela mão, nadasse com ele, mergulhasse, se aventurasse. Talvez o mar já o complete, visto que um dia já foram um.

Sacudiu a cabeça como quem quer despertar, colocou a coragem acima dos seus medos e mergulhou, num oceano de si que é o mundo. Nada mais importava, nem ao menos sabia se voltaria a superfície. Seus vários eus voltaram a compor com o mar.