terça-feira, 18 de novembro de 2008

Possibilidades nas Polaridades

Vivo das polaridades, sou um ser entre extremos. Me surpreendo em momentos de explosões em êxtase, ao passo que caio no abismo de profunda melancolia. Construo meu próprio eu destruindo as bases que me formam. Sou isto: construção e desconstrução.

Vivo das contradições, da compressão e da descompressão. Tenho encontro com amores eternos, que ardem em paixão, e que depois passam e permanece o nada, o vazio de sentimento. Preciso dizer que considero o contrário de amor o vazio, a falta de sentimento, a indiferença.

Vivo das antíteses, oscilo entre a vida e a não vida. Existem horas em que a vida me quer por perto e aceito seu convite, sua proximidade. Vivemos como os melhores amigos. Em compensação brigamos, e quando brigamos, fico de mal com a vida, as flores não me alegram, os pássaros me irritam, a calma permanece na solidão.

Vivo na penumbra, me transportando entra a luz e a sombra. Há quem pense que a luz é tudo que precisamos, que a luz é a melhor coisa. Concordo que a luz é uma benção para o ser humano, mas acredito que não é sempre que queremos ficar na luz, luz que revela muito de quem somos, nossas forças e fraquezas. Nos faz ver nossos abismos e não é sempre que o queremos ver. Sombra, escuridão, remete a algo ruim, maléfico? A mim não! Sombra me faz pensar nas coisas boas que lá ocorrem, o dormir, o sexo, o meditar, o orar. É maravilhoso o fechar de olhos e sentir as coisas com o toque das mãos. Sombra nos revela oportunidades que jamais veríamos na luz, nos mostram aquilo que rejeitamos em nós, mas tão fundamentais.

Viver exige coragem. Coragem de encarar as próprias limitações e enxergar as possibilidades. As controvérsias da vida nos mostram como viver. Precisamos arregaçar as mangas e olhar nossas contradições não como impossibilidades, mas como oportunidades de ver além. Digo além de nós mesmos, além das meras impressões que tiramos precipitadamente das pessoas, além de uma vida medíocre. O mundo tenta nos levar a um conformismo a aceitar e viver como robôs, precisamos lutar contra tudo isso que nos prende e viver nossas potencialidades ao máximo possível.

Nomine Tuo da Gloriam

2 comentários:

  1. "Tenho encontro com amores eternos, que ardem em paixão, e que depois passam e permanece o nada, o vazio de sentimento. Preciso dizer que considero o contrário de amor o vazio, a falta de sentimento, a indiferença."
    Será mesmo meu bem? Não consigo ver uma paixão tão arrebatadora terminar em indiferença... Vc me parece alguém em cuja vida não há espaço pra indiferença... Vive com intensidade, com intensidade afeta e deixa-se afetar... não... indiferença definitivamente não te pertence...


    "Sombra, escuridão, remete a algo ruim, maléfico? A mim não! Sombra me faz pensar nas coisas boas que lá ocorrem, o dormir, o sexo, o meditar, o orar. É maravilhoso o fechar de olhos e sentir as coisas com o toque das mãos. Sombra nos revela oportunidades que jamais veríamos na luz, nos mostram aquilo que rejeitamos em nós, mas tão fundamentais." A sombra... a noite... quando os corpos jazem na semisconsciência de si mesmos até que tudo seja inconsciente... quando a luz finalmente se foca e não mais ofusca... sem dúvida eu também gosto muito da noite...

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  2. Eu adorei esse demais! Dá pra se jogar dentro dele.
    Eu gostei dessas duas partes que Raio falou. Então, eu concordo plenamente com aquela sentença de que o sentimento mais próximo do amor é o ódio e o contrário é a indiferença. Se o seu amor eterno vem e passa, pelo menos comigo, sempre que estamos juntos nunca só passa por indiferença.. sobra alguma coisa, pena, raiva, alegria, qualquer coisa, menos indiferença. Eu acho que quando nós amamos alguém nós deixamos um pedaço de nós com essa pessoa e ela é tão ordinária que nunca mais nos devolve...
    Ahh, e a escuridão. Gostei muito de que vc disse que ela desperta o que nós rejeitamos. As coisas deixam de ser mais superficiais para serem mais intensas. Deve ser por isso que nos nossos sonhos nós vivemos umas experiências tão loucas... estamos de olhos fechados né

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