sábado, 4 de outubro de 2008

Um olhar na alma

Condenado a guilhotina, um homem, novo, escreve seus últimos momentos do dia, dia em que sua vida se encerra. O padre responsável por suas confissões lhe aplica seu habitual sermão. Mas o que está história pode nos dizer, o que nos fala enquanto pessoas?

"Não, por mais baixo que tenha caído, não sou um ímpio e Deus é testemunha que acredito nele. Mas o que foi que esse ancião me disse? nada sentido, nada que viesse do coração dele para tocar o meu, nada que passasse dele pra mim. Ao contrário, não sei o que de vago, inacentuado, aplicável a tudo e a todos; enfático onde deveria ter sido profundo, bana onde deveria ter sido simples; uma espécie de amor sentimental e de elegia teológica. Aqui e ali, uma citação latina em latim. Santo Agostinho, São Gregório, que sei eu? Depois, parecia estar recitando uma lição cem vezes já recitada, repassar um tema, obliterado na sua memória de tão conhecido. Nem um olhar no olho, nem um acento na voz, nem um gesto nas mãos."
"E como poderia ser diferente? Este padre é o capelão titular da prisão. Sua profissão é consolar e exortar, vive disso."
(O último dia de um condenado a morte, Victor Hugo)

Quando li essa obra prima de Victor Hugo muito me chamou atenção esse trecho em especial. Me faz pensar em nós enquanto apredizes da vida num mundo hostilizado pelo fast food, pelos apelos individualistas que nos fazem esquecer que as pessoas ainda não são máquinas manipulatórias. Perdemos de vista seu interior, sua individualidade, sua alma.

Há alguns dias que estava conversando com um amigo que estava adimirado com o fato de seu vizinho ter-lhe desejado um bom dia. Coisas simples que a correria do dia-a-dia mandou embora. Nem um olhar no olho, nem um gesto com as mãos. Usamos lições cem vezes já recitadas, apenas copiamos o que outras pessoas já disseram. Nos trancamos em nossas prisões domiciliares gradiadas e dizemos que estamos a salvo mais um dia.Então eu pergundo: o toca o coração? O que tem saído da nossa alma?

Precisamos fazer transcender do nosso interior todo o potencial e viver esse potencial, para tocar o coração das pessoas precisamos usar como instrumento o nosso coração. Faço uma apelo que nós, enquanto seres viventes, possamos transceder esse cristalização de nossa sociedade para viver um novo mundo onde pessoas usem mais o amor e menos o egocentrismo.

SDG

8 comentários:

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  2. Pensando filosoficamente um pensamento filosófico de um filósofo q filosofou a muitos temposs por ae... Eskeçãu du testo... texto.. são apenas aglomerados de palavras tentando manipular nossas mentes.. apenas mais uma forma de controle... uma forma de nos direcionar para o questionamento do sistema... na verdade não existe sistema... não existimos... somos apenas dados... um sonho q parece ser real... e como tdo sonho.. um dia vai se acabar do nda.. hehheeh

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  3. Achei bastante comovente...E o pior é que atinge a todos, pois de forma maior ou menor acontece. Gostei da tua análise sobre o trecho. ^^

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  4. Usar o que a minha vida põe à minha disposição... de presente... todos os dias... pra transcender as minhas determinações... e realmente SER EU.

    Eis que você já deu os primeiros passos =*

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  5. Este comentário foi removido pelo autor.

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  6. Vou mandar uns professores nossos virem ler isso aqui... Desafetados medíocres... Texto estilo A[fe]tivações! XD

    Confesso q nem sempre se afetar é uma tarefa fácil...

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  7. wow, altos comentários excluídos hein 0.0
    mas bem, legal teu blog cara, é sempre bom deixar fluir teus pensamentos e não mantê-los represados, acho que assim como a matéria orgânica que tem que está sempre em circulação para manter o ciclo da vida, nossos materiais não orgânicos também devem ser "emitidos ao ambiente" hehe, que viagem XD
    mas é isso, afete, seja afetado, descarregue. E de qualquer forma isso é só uma sugestão de algo que tem dado certo comigo e que espero que sirva pra ti também, e se não servir, paciência, talvez sirva pra tu encontrar um meio ainda melhor,ou não =P

    Abraços cara!!!!

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