quarta-feira, 2 de junho de 2010

Aliado negro


O nada me sufoca

A presença me mantém solitário

A alegria me angustia

A vida me mata


Procuro correr das minhas sombras

Não sei até onde poderia suportar

Fugir de mim mesmo, te enganar

Mentir para mim mesmo, te magoar


Preciso fazer algo que me faça voltar

Que me leva à lucidez

Que me devolva aos eixos

Que me devolva a vida


Talvez seja meu desespero

Ou até mesmo meu fascínio

Mas certamente tenho medo de dizer

E fujo de toda a possibilidade do ser


Se um dia pudessem me perdoar

Se um dia pudessem me olhar

Talvez pudessem até me entender

Quem sabe se não poderiam até me amar


Acho que não mereço tanto

Me contentarei com o luar

Em ser banhado pela chuva

As gotas escondem as lágrimas


Minha sombra se torna a única companheira

Aquela que corri a vida inteira

Esse é o verdadeiro paradoxo da vida

Meu maior inimigo se torna meu maior aliado


Quem mais poderia me entender

Quem mais me amaria

Só minha própria sombra

Lados obscuros de um verdadeiro eu

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