segunda-feira, 16 de agosto de 2010



Acho que eu sou um conto de fadas as avessas. Fico pensando: se fosse personagem de um conto de fadas, qual seria? Não consigo imaginar. não que a vida não seja um conto de fadas, mas porque sinto que todos os personagens estão em mim. Sinto todos eles no pulsar das minhas veias, eles contam minha história em cada pagina do relato de minha vida. Torna-se fácil perceber todas as vezes que fui príncipe, duende, bom ajudante, sapo, bruxo, madrasta, dragão destruidor e até o saído velho.

A cada dia me torno um novo conto, a cada hora de minha vida este conto aumenta um ponto. Mas existem duas questões que tornam meu conto peculiar. Minha história não tem fim, não começou comigo nem terminará com minha morte, ela permanece enquanto alguém se lembrar de meu nome e, se esquecermos do Rafael, continuarei a contá-la enquanto permanecer vivo na memória de alguém, mesmo que me invente um novo nome. Minha história não poderia ser escrita em palavras, que são perenes, mortas, pois minha história é viva e tudo que é vivo se transforma.

A segunda questão que torna meu conto único é que ele é às avessas. Sou o príncipe mais feio, o vilão do bem, o fraco que luta. Dizem que sou herói e que só eu posso reinventar minha história, mas como descobrir a valentia que me foge, a beleza que de mim se esconde, a nobreza que tanto sinto falta. O que me falta para recriar meu mundo, poderia começar agora mesmo, mas e se não desse resultado? E se estivesse enganado? E se eu realmente não for o herói de minha história?

Não, por favor, não pensem que sou indiferente a minha história ou que por ela não tenha amor, mas as coisas não são tão simples. E se a princesa de meu conto me ver minhas pernas tortas, minha gordura e minha cara de bolacha. Poderia imaginar a desilusão estampada no rosto de minha princesa e do povo que me espera como herói. Naturalmente esperavam um príncipe. Era impossível.

Filho da Lua, semente do Sol, isso sou. Ainda que não tenha aprendido a brilhar, ainda que não saiba pintar o arco-íris. Sei que o som que me desenha tem algo para mim, que um dia esse algo virá, como uma dádiva.


“Meu corpo é nota e tom,
Por isso apenas audível,
E nesta voz tem o som,
Do meu único ser possível.”

Um comentário:

  1. eu não entendo nada do que vc escreve, mais enfim, so pq vc fala que eu nunca comento.

    bjs qrido
    Tatiany Valencio

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