sábado, 27 de fevereiro de 2010

O CENTRO DAS ATENÇÕES

Os cientistas estudam e pesquisam incansavelmente para descobrir a cura do câncer, a vacina para a Aids e tantas outras soluções que aplaquem as doenças que nos rondam. Enquanto isso, os psicanalistas tentam aliviar nossas doenças da alma, nossos solavancos do coração. Mas como nem todos têm condições de pagar umas visitas ao divã, tentam sozinhos descobrir a cura para este mal que já afligiu, aflige ou ainda irá afligir 100% da população: a dor-de-cotovelo.

Como amor é assunto recorrente desta coluna, muitos acham que tenho a fórmula mágica para aniquilar as dores provocadas pela paixão. Tenho nada. Tenho são os meus palpites. E uma antena que capta frases, depoimentos, tudo o que possa ajudar. Um dia desses uma leitora me escreveu um e-mail simpático, dizendo que havia lido ou escutado em algum lugar uma coisa que ela achava que fazia sentido:

"O tempo não cura tudo. Aliás, o tempo não cura nada, o tempo apenas tira o incurável do centro das atenções".

Faz, sim, todo o sentido. Na hora da saudade, da tristeza, do desamparo, é com ele que contamos: o tempo. Queremos dormir e acordar dez anos depois curados daquela idéia fixa que se instalou no peito, aquela obsessão por alguém que já partiu de nossas vidas. No entanto, tudo o que nos invadiu com intensidade, tudo o que foi realmente verdadeiro e vivenciado profundamente não passa. Fica. Acomoda-se dentro da gente e de vez em quando cutuca, se mexe, nos faz lembrar da sua existência. O grande segredo é não se estressar com este inquilino incômodo, deixá-lo em paz no quartinho dos fundos e abrir espaço na casa para outros acontecimentos.

Nossas atenções precisam ser redirecionadas. Ficar olhando antigas fotos, relendo antigas cartas ou lembrando antigas cenas é tirar a dor do quarto dos fundos e trazê-la para o meio da sala. Evite. O tempo só será generoso na medida em que você usá-lo para fazer coisas mais produtivas: procurar amigos sumidos, praticar um esporte, retomar um projeto adiado, viajar. As atenções têm que estar voltadas para os lados e para a frente. O quartinho dos fundos tem que ficar fechado uns tempos, a dor mantida em cativeiro, sem ser alimentada. Amores passados contentam-se com migalhas e sobrevivem muito: ajude-se, negando-lhes qualquer banquete. A fartura agora tem que ser de vida nova.


Martha Medeiros

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Jogral de um funeral

Não quero que se preocupe

Não quero que se culpe

Não quero que se ilude

Nem quero que me mude



Entre barcos perdidos

Entre passos descompassados

Entre faróis apagados

E corações desgovernados


Tudo muda

Tudo faz firula

Tudo julga

A tudo anula


Pensamento disperso

Sonho desconexo

Perdido no universo

Em meu mundo submerso


Amor não se magoa

Pois quem ama perdoa

Põe no coração e voa

Sentido brisa e garoa


Não se pode esquecer

Que nem tudo se pode ter

Só posso me entristecer

Por não ter você


Digo adeus

Aos olhos seus

A tudo que morreu

Em sentimentos só meus

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Abba Pai

Abba Pai. Este nome singelo, entoado e gravado no coração de milhões de apaixonados, dos mais variados tipos. Ricos, pobres, velhos, moças e jovens. Emanuel. Majestoso da minha alma. Sem dúvidas seu amor resiste aos encantos do tempo e da vida, pois suas cores, inegavelmente se manterão sempre inalteradas. Em qualquer tempo. Se víssemos registros de antes da criação, poderíamos comparar com a glória de todas as coisas criadas por suas mãos hoje. A majestade de suas cores e detalhes, foi conservada, impecavelmente no decorrer dos anos. Foi criando sua história com a humanidade, marcada tão forte e profunda, que nunca se apagará.


Jesus, homem de dores e de glórias mil que sobrepõe, em muitos, todos os outros nomes. Família, amigos, trabalho, dinheiro inclusive. Basta que o sangue sagrado do que representa sua morte esteja sempre conosco que estaremos felizes. Seremos felizes. Basta apenas um olhar ao irmão do lado na rua. Olhar fanático como o nosso. Olhos que brilham em contato com a mais brilhante constelação de estrelas. Redundância esta que se faz necessária para expressar a magnitude, amplitude e alcance deste glorioso Deus.

Se antes, ao buscarmos conforto poderíamos não ter ninguém para nos guiar, após conhecermos a sua gloriosa mensagem de amor não tememos mais. Nunca estaremos sozinhos. Sempre teremos, em tempos turbulentos e de grandes safras, grandes dificuldades e vitórias épicas, o alento e olhar soberano da estrela Dalva. A primeira e única que apareceu em nossos corações.

Bem antes de nascer o pequeno infanto, ainda carente de amparo das leis divinas, recebe no seu pequenino corpo e mente ainda em formação o encargo de pertencer ao mais estonteante conglomerado do mundo. Moderno e antigo, ressalte-se. Recebe também o dever de trabalhar em prol dos seus ideais e de passar adiante a paixão, nunca deixando alguém próximo buscar caminhos que não o das glórias imortais do querido Deus.

Abba Pai, muito obrigado por ter me escolhido. Que eu possa te servir bem.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Cruzando Raios


Estrelas vão fugindo

Entre os faróis e o mar

Neste azul, que azul!

O nosso amor sumindo

Entre partir, ficar


Entre o norte, o sul


Cruzando sobre os raios


Antenas de TV


Porque você me olha


Se você não me vê


Sobre os oceanos


Em doces guerras frias


Não deixa anoitecer


Não deixa escurecer


O Nosso dia


Composição de Orlando Moraes